Esperança. Esperança mais do que amor. Não era paixão, ainda não era um  desejo incontrolável, estava longe de ser qualquer tipo de "amor da  minha vida". O que eu sentia por você era esperança. O que você  significava para mim era a esperança de felicidade, felicidade eterna,  momentânea não importa, você era a minha esperança, uma promessa  daquelas que a gente mesmo se promete e não conta para ninguém, mas  ainda não era amor. O problema (é um problema?) é que eu sou intenso.  Você vai achar que eu faço drama, mas drama é fingir que sente o que não  sente e eu não, eu sinto mesmo. Sou tão intenso que mesmo que eu sinta  só esperança eu vou sentir tanto que você vai achar que eu te amo, mesmo  sem a gente nem se conhecer direito. Mas sentir hoje em dia é perigoso.  Em um mundo e em um tempo no qual a sensação basta o sentimento afasta.  Só que depois que você tem seu coração partido uma vez e aprende que  ele continua batendo não existe mais medo de amar. Pode até haver um  medo de ser amado, mas de amar não: amar é nosso, ser amado é do outro, e  só nos compete o que é nosso. Então eu sentia por você só uma vontade  de que não fosse só hoje de que tivesse um amanhã, de que pudesse ficar  uma hora a mais além do planejado, de que pudesse sobrar algum espaço na  agenda para me encaixar. E eu sentia sobretudo vontade de te ver feliz,  com aquela esperança silenciada em meus sorrisos de que eu pudesse  fazer parte. É isso, eu sentia esperança por você e eu queria fazer  parte, não sei do quê, não sei se da sua vida ou se pensava em uma vida  nossa, mas eu queria fazer parte. Sei que nem te beijei, mas eu tenho  essa capacidade de sentir esperança por quem me encanta. Você me  encanta, me dá vontade de abraçar, de ter por perto, de tocar, de ser  feliz. Me aperta o desejo de guardar no bolso sua foto como um mapa de  um lugar para o qual eu posso fugir quando tudo der errado (e quando  tudo der certo também). Eu gosto de você, mas eu não queria te namorar,  não ainda, não agora, não sei se sempre, nem se talvez nunca. Eu queria  que continuasse, só que sem fazer de você uma única chance de ser feliz,  a esperança era de ser mais feliz por você estar aqui também, não só  por você. É esperança, é te querer, mas sem desespero. Desespero no amor  é isso, desesperar, deixar de esperar por quem vale a pena, quando vale  a pena. Parece que eu te afastei, mas a esperança continua. A esperança  ficou e a pergunta também: quanto o mundo ficou mais triste desde que  deixamos de ser felizes juntos? Quanto futuro feliz se perdendo em  passado durante um presente que não se consegue mudar.  Então agora eu  já sei o que responder quando perguntarem: "é amor ou amizade?", vou  dizer "é esperança". E eu espero com a certeza de que esperançar parece  às vezes tão mais livre, bonito e completo do que amar.

Nenhum comentário:
Postar um comentário